domingo, 8 de fevereiro de 2009

Desvivência

Desvivência

Eu preciso aprender que as grandes coisas nascem do silêncio.
Eu preciso ganhar batalhas porém meu exército tem sido fraco.
Eu preciso acreditar que a primavera existe e que o sol resplandece após dias de chuva.
Eu ainda não sei viver, preciso aprender como se vive.
Preciso aprender a respirar e creio que respirar seja mais do que um ato inconsciente.
Eu que fui forte, desaprendi como se vive.
Ainda procuro entender mesmo sabendo que não é preciso entender para viver.
Acontece que desvivi. Se respirar é viver então desvivi.
Desvivi e prossigo desvivendo até eu lembrar como se vive novamente.
Parece loucura mas ainda escrevo algumas palavras. Elas juntam-se num fim de tarde ou numa noite mal dormida. Ainda escrevo. Se escrevo tenho esperança.
Os dias voam e sinto uma doce alegria ao fim de cada um deles porém a desvivência permanece.
Talvez seja necessário desviver para viver. É como as grandes coisas que nascem do silêncio.
É como passar um dia cinza ao lado de quem se ama.
A desvivência é necessária. Viver a desvivência é procurar todo o tempo. Procurando tento viver. Pena que ainda não achei. Mas como vou achar sendo que nem sei o que procuro? Procuro viver. Mas desviver não é deixar de viver, afinal eu não morri. Não compreendo, somente sigo.

Adanilde Duarte de Lima